Além de muita música e muitas pessoas, os blocos de rua sempre trazem muitas polêmicas. A principal é sobre o que é ou não fantasia. Pode parecer confuso, mas aqui vão alguns exemplos: Nega Maluca, índios, ciganos e domésticas. Esse ano a discussão parece ter chegado um pouco mais cedo, uma semana antes, no bloco pré-Carnaval do Baixa Augusta de São Paulo.
Quando a atriz Alessandra Negrini apareceu na concentração do bloco, no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, estava acompanhada de indígenas e vestida como eles, ou quase. Afinal, as acusações são de apropriação cultural e desrespeito a cultura indígena. A consequência dessa atitude pode ser o cancelamento da atriz.
As opiniões são diversas. Por um lado a atriz entrou acompanhada da líder indígena Sônia Guajajara. Por outro, existem mais alguns ativistas que são contra a atitude de Alessandra. Katú, por exemplo, ativista indígena e rapper, relembrou em posts nas redes sociais que, como índia, encara as fantasias como racismo e apropriação cultural, não como homenagem.
Essa polêmica surgiu há alguns anos e parece esquentar de tempos em tempos, ainda mais em épocas como Carnaval. Apesar de ser coisa antiga, ainda faltam certezas sobre o que é ou não apropriação cultural. Por isso, vale a pena gastar um tempo com essa discussão e escutar os argumentos.
A princípio pode parecer algo de difícil compreensão, mas as ideias vão clareando conforme os argumentos vão surgindo. Uma campanha promovida pela Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará promoveu uma campanha que explicou direitinho o porquê usar fantasias de indígenas, por exemplo, é apropriação cultural. Olha só:
Uma publicação compartilhada por Defensoria Pública do Ceará (@defensoriaceara) em
De uma maneira geral, apropriação cultural é tudo aquilo que desrespeita uma etnia, povo e religião. Por que? Pois historicamente, esses grupos foram reprimidos e em alguns casos, ainda são. Então, não parece ser muito justo oprimir as minorias e seus costumes e depois exaltar brancos fantasiados de minorias.
Outro lado dessa discussão, no entanto, é que se todas as fantasias forem canceladas, então blocos de Carnaval como das Muquiranas de Salvador (em que foliões usam o traje obrigatório de mulher), e o Bloco das Carmelitas (em que todos vão vestidos de freira), poderão deixar de existir. Esse é o lado que questiona se as patrulhas excessivas poderiam acabar com o próprio fundamento das festas.
O mais importante nisso tudo é entender que essa discussão é só a ponta do iceberg. Afinal, não adianta vestir a fantasia certa e colocar fogo no mendigo. Não adianta abandonar a saia e a peruca e mesmo assim assediar mulheres nas ruas. Não adianta cancelar a Alessandra Negrini e compartilhar fake news no zap zap.
A lista de fantasias de Carnaval canceladas parece ser gigante? Não se preocupe, vamos te ajudar a achar a que mais combina com você e te mostrar que é possível ficar longe das polêmicas e mais do que isso, que é fácil não ser racista!
Olha só as fantasias mais criativas de 2020:
Turma do Skin Care:
Imagem: Buzzfeed
Vou ver e te aviso:
Imagem: Buzzfeed
A última temporada de Game of Thrones:
Imagem: Buzzfeed
E o melhor... fiscal do cancelamento:
Imagem: Buzzfeed
O Carnaval chegou! Mas lembre-se: ser uma pessoa legal não é fantasia e dá para usar o ano inteiro. ;)
Benetton Comunicação
Por: Gabriele Fernandez
Fotos/ Créditos: Divulgação
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