Quando Kobe Bryant se aposentou, em 2016, muitas franquias, jogadores rivais, torcedores e a imprensa o homenagearam com respeito puro e unânime. Agora, as pessoas se despedem de novo, mas dessa vez de uma forma mais dolorosa.
Embora faça falta, sua despedida também deve ser feita com gratidão. Tudo isso porque Bryant pertence a uma classe rara de atletas que conquistaram mais do que títulos valiosos, despertaram o amor nas pessoas. Amor pelo esporte, pelo jogo, pelos Lakers, pelo país.
Kobe despertou amor sim, mas também orgulho. Orgulho para a NBA e mais ainda para meninos e meninas pobres ao redor do mundo, famintos de muitas coisas, inclusive de referências e identidades. E esses foram seus melhores arremessos e suas melhores cestas.
Ele foi um jogador raro que não se encontra em qualquer quadra. Por mais que Michael Jordan ocupe o topo do olimpo, foi Bryant que ocupou o vácuo deixado pelo mais velho. E ele fez isso de uma forma brilhante e num período de internet e redes sociais.
O mundo esportivo convive com um problema recorrente: como sobreviver sem um grande ídolo? O basquete americano é plenamente sustentável, mas é um grande jogador que carrega multidões e uma boa imagem que alavanca negócios. Agora, convenhamos, qualquer esporte, clube ou liga é um negócio!
Kobe conseguiu brilhar em escala global. Seus jogos eram transmitidos para todo o planeta. Seus lances ecoavam pelo Twitter, pelo Facebook, pelo Instagram e pelo Whatsapp. Kobe foi o ídolo que a NBA precisava.
O que isso tem a ver com a gente? Tudo. Além de promover marcas e negócios, outra lição que fica é que Kobe Bryant foi capaz de falar com diversos públicos. Um exemplo disso foi sua carta aberta para anunciar sua aposentadoria e que se tornou uma animação da Disney: “Dear Basketball”. A história foi vencedora do Oscar de curta-metragem de animação em 2018 e mostra que Kobe se tornou nome no esporte e no mundo do entretenimento.
Carismático e acessível, o jogador também não economizou em envolvimentos sociais. As boas ações ajudaram inclusive o Brasil. O astro ajudou crianças, batizou quadra pública, assistiu à Copa do Mundo.
Kobe Bryant foi influência neste século e quase conseguiu construir, por meio das suas atitudes, a imagem de bom moço, mas ela foi arranhada apenas por um caso e este quase encerrou sua carreira.
Deu para perceber que Kobe viveu de extremos e a maioria deles foram bons. Mas um deles, de 2003, envolveu uma acusação de abuso sexual de uma camareira de hotel de 19 anos. O caso, assim como tantos outros no meio esportivo (não é mesmo goleiro Bruno?), também passou bem despercebido na esfera jurídica e o que aconteceu no quarto 35 do Lodge & Spa Cordillera, no Colorado, em 1º de julho de 2003 ainda é uma incógnita.
Durante uma coletiva de imprensa, sob o olhar da esposa Vanessa, a lenda do basquete admitiu publicamente ter tido uma relação com uma recepcionista, mas, segundo ele, tudo foi consensual.
O pedido de desculpas foi público. O caso também rendeu pagamento de danos morais para a jovem e um anel de milhões de dólares para a esposa. Pode ser doloroso rever esse fato, mas ignorá-lo seria injusto com a história do jogador e com a vítima.
Apesar disso, um fato é inegável: Kobe Bryant deixou diversas lições de gestão de imagem e isso tem tudo a ver conosco. Porque Kobe Bryant fez muito mais que muitos pontos, fez história. E ela não se encerra hoje. Para eles do esporte, mas também para nós da comunicação!
Benetton Comunicação
Por: Gabriele Fernandez
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