Você com certeza se lembra das aulas de biologia do ensino fundamental e/ou ensino médio e como elas traziam, de maneira rasa e envergonhada, o que chamamos de educação sexual. Hoje, esse cenário mudou um pouco graças ao privilégio chamado de acesso a internet que, além de muitas perguntas e respostas no Google, também trouxe Sex Education.
A série traz de maneira brilhante, sincera e ácida muito mais do que situações, mas também tabus que cercam a vida sexual de qualquer um. Além disso, todos os assuntos são acompanhados de ótimos clichês e o principal deles é a menina durona do colégio que se apaixona pelo esquisitão.
Outro grande feito é o desenvolvimento de cada personagem. A obra de Laurie Nunn até passa por uma tentativa de delimitar um personagem principal na primeira temporada, no entanto, ela cai por terra na segunda temporada, lançada recentemente na plataforma de streaming. Na verdade, dentro da trama principal, cada personagem se desenvolve em seu próprio enredo e é a partir de cada um deles, individualmente, que eles se cruzam e montam a história principal e essa história mostra a realidade!
É sobre isso que a série se trata: cenas desajeitadas ao invés de românticas e com pouca iluminação. Traumas, medos e inseguranças ao invés de príncipes encantados, danças a meia noite e vestidos feitos por fadas madrinha. É uma série de primeiras vezes e como, nem sempre, elas são mágicas. Por isso, apesar dos ótimos clichês, é uma história que rompe com tudo que se conhece de série colegial.
Ao mostrar todas as possibilidades, a autora Laurie Nunn, oferece saídas e acima de tudo, saídas respeitadas e positivas. Esse é o motivo pela qual todos podem aprender alguma coisa com Sex Education e o motivo pela qual todos devem assisti-la. Porque além de lições, existem possibilidades. Possibilidade de ter um primeiro namorado que te respeite, te entenda e mesmo assim você não se apaixone por ele. Ou a possibilidade de que você não deixe sua irmã mais nova passar por tudo que você passou.
Ao expor todas as realidades, Sex Education também passa a ser didático. Com leveza, sinceridade e empatia. Sentiu a diferença daquelas videoaulas de biologia?
A segunda temporada de Sex Education contou com uma aprovação, praticamente, unânime dos fãs e isso precisa ser falado. Tudo aconteceu porque a série foi na direção contrária de produções convencionais. Depois de uma primeira temporada bem sucedida, muitas tramas caem na tentação de exagerar em aspectos que foram apresentados de maneira sutil nos primeiros capítulos.
É aí que a produção ganha pontos, pois ela aposta no carisma de cada personagem e espera que cada um deles dite o ritmo da nova temporada. A série também não caiu na tentação de introduzir novos personagens do nada. Na verdade, ela faz isso de maneira majestosa e apresenta novas figuras que são utilizadas no desenvolvimento de personagens e histórias que já estavam acontecendo. A chegada de Isaac na vida de Maeve e Rahim na de Eric são dois exemplos claros disso. Ao invés de criar apreensão a eles, é mais fácil se identificar e virar fã dos personagens.
A segunda temporada funciona basicamente como um segundo ano do colegial: com mais potencial, liberdade e situações que ficam mais difíceis, no entanto, abrem portas para um promissor ano seguinte.
Depois de terminar a segunda temporada bate aquele vazio (nós entendemos). Por isso, selecionamos outras séries tão necessárias, críticas e ácidas quanto Sex Education:
Easy: a série explora diferentes tipos de relacionamentos na era moderna. Os episódios são curtos, simples e contam com personagens de diversas idades que tentam lidar com seus relacionamentos, ou entender o amor, ou sua relação com a tecnologia ou ainda, lidar com crises existenciais.
Explicando: a série Explicando explora temas variados como a ascensão das moedas digitais, a razão do fracasso das dietas e o mundo selvagem. Recentemente ela lançou uma edição especial focada em temas como contraceptivos, atração e fertilidade. As situações e curiosidades são diversas e todas são tratadas com um roteiro divertido e explicativo.
Big Mouth: a animação adulta e contemporânea é uma das mais inteligentes e divertidas. A comédia traz uma exploração aberta e sincera sobre puberdade e sexualidade na adolescência.
A séries tem um diferencial ótimo que é: falar de todos e para para todos. Elas debatem e expõem, porque lembre-se: expor é sempre melhor do que esconder e negar, principalmente quando o assunto é educação sexual ;)